sábado, 26 de fevereiro de 2011

Com a palavra o censor

            “Cabo Frio se tornou uma enorme “lavanderia” e o poder público deve ser responsabilizado pela situação. Não aconteceria sem a conivência dos poderes executivo, legislativo e judiciário. A Polícia Federal deveria fazer uma varredura e constatar que parte do poder público e parte do setor privado em Cabo Frio apodreceram” foi o último parágrafo do texto com título “Lavagem de dinheiro” que este colunista submeteu para publicação na revista CIDADE ONLINE em 21/02/2011. Foi postado, mas dois depois lhe foi comunicado que havia sido retirado do ar. Um nobre e tradicional membro de setor imobiliário em Cabo Frio telefonou para a revista Cidade online manifestando desagrado. A editora da revista argumentou receio de haver o risco da revista e este colunista serem processados. Este colunista concordou. De fato, não há porque se envolver numa situação desagradável, apesar da ressalva “parte do poder público e parte do setor privado em Cabo Frio apodreceram”. Havia a alternativa de se editar o texto e, imitando Bernardo Shaw, alterar o parágrafo afirmando, no final, que “parte do poder público e parte do poder privado em Cabo NÃO apodreceu”.

Desconhecendo quem seja o cioso membro do setor imobiliário de Cabo Frio, este colunista gostaria de saber se ele fez parte do movimento das “Diretas Já” de 1984. Anunciava-se defensor do “Estado de direito” durante o período militar?

Não é segredo que este colunista foi membro civil do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra entre 1981 e 1996, para lá indo, junto com outros civis, para colaborar no projeto de criação do Ministério da Defesa, ideia original de João Figueiredo e concretizada por FHC em 1998. Durante aquele período não foram poucos os defensores do tal “Estado de direito” que iam à ESG para puxar o saco da milicada apontando as consequências do encerramento do ciclo de governos militares. Eram canalhas, safados e sem-vergonha que se apresentavam como defensores da liberdade de imprensa, e por trás dos panos de tudo faziam para manter as coisas como eram. Este colunista indaga em que banda se coloca o nobre representante do setor imobiliário em Cabo Frio: na banda saudável, que defende o artigo 5º. da Constituição ou na banda podre que o revoga quando lhe convém?

Isso posto, levando em consideração o relatório da CCY, Consultoria de Engenharia Ltda., item 2. O Empreendimento, datado 12/01/2011, folha 17, onde consta “O Estudo Arquitetônico Preliminar prevê, além do shopping, a possibilidade de implantação de torre comercial ao shopping e torre residencial na área contígua, a leste do shopping”, o comentário estando associado ao tal shopping center que foi proposto para ser construído no bairro das Palmeiras, pergunta-se ao nobilíssimo representante do setor imobiliário, censor de textos: Vossa Senhoria acredita que os proponentes do shopping, colegas seus de profissão, foram honestos, éticos, escondendo do público a eventual construção das duas torres, ou se trata de gente de baixíssimo nível, canalha e sem-vergonha?

Com a palavra o censor.

Ernesto Lindgren
          19/02/2011

Ver: "Milagre em cabo Frio: oferta sem demanda"

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