terça-feira, 17 de maio de 2011

Os patrões de Búzios

A Lei nº 11.771 (conhecida como Lei do turismo), de 17/09/2008, regulamentada pelo Decreto 7.381, torna obrigatório que todas as pessoas físicas e jurídicas que atuam na cadeia produtiva do turismo cadastrem-se  no CADASTUR do Ministério do Turismo (MTUR).  São obrigadas a fazer o cadastro as pessoas e empresas  que desempenhem as seguintes atividades: “ hospedagem, agências de turismo, transportadoras turísticas, organizadoras de eventos, parques temáticos, acampamentos turísticos, e guias de turismo”.

Consultando o cadastro verificamos que quase toda prestação de serviços na principal atividade econômica de Búzios está na ilegalidade. Estão cadastrados somente 94  meios de hospedagem (devemos ter mais de 300),  26  agências de turismo e 12 guias de turismo.  Nenhum parque temático, acampamento turístico,  transportadora turística ou organizadora de eventos estão legalizados.
O cadastramento promovido pelo MTUR visa  promover o ordenamento, a formalização e a legalização de serviços turísticos no Brasil e obter uma prestação de serviços confiável e de qualidade. Os prestadores de serviços cadastrados poderão participar de  eventos, feiras e ações realizadas pelo Ministério do Turismo e pela Embratur, tais como o Salão do Turismo, Vai Brasil e Portal da Hospedagem e terão também acesso a linhas de financiamento específicos para o turismo, por meio de bancos oficiais.  Além disso, poderão participar de programas de qualificação promovidos e apoiados pelo Ministério.
Os empresários de Búzios, com exceções claro, são muito meigos (créditos para o professor Chicão). Vivem reclamando da ilegalidade dos outros, principalmente dos ambulantes, mas são tão ilegais quanto eles; muitos não tem nem alvará; morrem de medo das fiscalizações de ICMS e da Delegacia do Trabalho; muitos não assinam carteira e, quando assinam, colocam valor inferior ao recebido pelo empregado para sonegar imposto; em geral,  pagam salários de fome; não remuneram as horas extras na alta temporada; e se apropriam das gorjetas de seus garçons. A cidade é campeã em precariedade de relações trabalhistas e, por conseqüência, em processos nas varas do trabalho da Região.
Um ex-presidente de uma Associação Empresarial, nessa linha de crítica à ilegalidade, disse:  ela "se espalha na economia buziana (nestes últimos 7 anos) ...há competidores  (dos empresários honestos) que crescem à margem da legalidade, alimentados pela sonegação, pirataria, falsificação, adulteração e má qualidade de seus produtos. Seguem protegidos pela impunidade de Búzios... E o problema não é só do comércio varejista .. estão pelas ruas e praias de Búzios” (José Wilson, Buziano, 19/03/2004).
Como se a pirataria e sonegação fossem coisas só de “ilegais”. Em 13 de Abril de 2004, um advogado da Nike, acompanhado de um oficial de justiça, em uma operação de busca e apreensão de produtos falsificados da marca nos comércios (aparentemente legais) do Centro e Manguinhos, “visitou 20 lojas e encontrou produtos falsificados em 19 (!) delas. Nessas, cerca de 500 (!) produtos foram apreendidos, a maioria camisas da Seleção Brasileira e do Flamengo (tem gosto pra tudo), bonés, bolas, shorts e tênis” (OPM, 23/04/204). 


Comentários:

Julio Medeiros disse...
A sonegação praticada pelos " empresários" do ramo de hospedagem é enorme. Eu já fiz pesquisa diversas vezes quanto a ocupação em épocas de feriados e todas as pousadas que liguei querendo me hospedar estavam lotadas. Mas quando acaba o feriado, eles vão para os jornais através desta farsa chamada de associação de hotéis dizerem que sua ocupação foi muito baixa. Além disso existem comerciantes que empregam estrangeiros ilegais na Rua das Pedras e que quando a fiscalização estadual chega fecham as portas.

Um comentário:

  1. A sonegação praticada pelos " empresários" do ramo de hospedagem é enorme. Eu já fiz pesquisa diversas vezes quanto a ocupação em épocas de feriados e todas as pousadas que liguei querendo me hospedar estavam lotadas. Mas quando acaba o feriado, eles vão para os jornais através desta farsa chamada de associação de hotéis dizerem que sua ocupação foi muito baixa. Além disso existem comerciantes que empregam estrangeiros ilegais na Rua das Pedras e que quando a fiscalização estadual chega fecham as portas.

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